Sugestões
de leitura - Referências:
BAGNO, Marcos. Dramática da
língua portuguesa: tradição gramatical, mídia e exclusão social. 2. ed. São
Paulo: Loyola, 2001.
Bagno,M; Stubbs,M.; G.
Língua maternal: letramento, variação e ensino. São Paulo: Parábola Editorial,
2002.
BAGNO, Marcos. Preconceito
linguístico: o que é, como se faz?. São Paulo: Edições Loyola, 1999.
Bortoni- Ricardo. Nós
cheguemu na escola, e agora? Sociolinguistica e educação. São Paulo: Parábola
Editorial, 2005.
Dionísio, A. P &
Bezerra, Mº A. (orgs). O livro didático de português: múltiplos olhares. Rio de
Janeiro: Lucerna, 2001.
Dionísio, A. P.; Machado,
A.R.; Bezerra Mº A (org.). Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna,
2002.
Geraldi, J.W. Linguagem e
ensino; exercícios de militância e divulgação. Campinas: Associação de leitura
do Brasil (ALB)/ Mercado de Letras, 1996.
Geraldi, J.W. O texto na
sala de aula. São Paulo: Ática. 2º Ed., 1999.
Gnerre, M. Linguagem,
escrita e poder. São Paulo: Martins Fontes, 1985.
HOUAISS, Antônio; VILLAR,
Mauro; FRANCO, Francisco Manoel de Mello. INSTITUTO HOUAISS DE LEXICOGRAFIA.
Verbete Preconceito: Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2001.
Soares, Magda Becker. Linguagem na
escola: uma perspectiva social. São Paulo: Ática, 1986.
Currículo Lattes Magda Becker Soares. Disponível
em: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4787265J6
Acesso em: 24/06/2012
Ramos , J. M. O espaço da
oralidade na sala de aula. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
Textos:
Preconceito
contra a linguística e os linguistas
Mesa-redonda “Língua e discriminação” (17 de julho
de 2001)
13O. COLE (Congresso de Leitura do Brasil), Campinas
13O. COLE (Congresso de Leitura do Brasil), Campinas
Marcos Bagno
Como já tenho falado e escrito muito a respeito de
língua e discriminação, resolvi aproveitar esta oportunidade que me foi
gentilmente concedida pelos organizadores do COLE para tratar de um assunto que
pode não parecer tão diretamente ligado ao tema, mas que, analisado mais de
perto, tem tudo a ver com ele. Quero refletir um pouco aqui com vocês sobre a discriminação
contra a lingüística e contra os lingüistas.O ensino de língua é a única
disciplina na escola em que existe uma disputa entre duas perspectivas
distintas, dois modos diferentes de encarar o fenômeno da linguagem: a doutrina
gramatical tradicional, surgida no século III a. C., e a ciência lingüística
moderna, que se firmou como tal no final do século XIX e início do XX. Qualquer
pessoa bem informada acharia no mínimo estranho se um professor de Biologia
ensinasse a seus alunos que as moscas nascem da carne podre, ou se um professor
de Ciências dissesse que a Terra é plana e o Sol gira em torno dela, ou ainda
se um professor de Química afirmasse que a mistura dos “quatro elementos” (ar,
água, terra e fogo) pode resultar em ouro! São idéias mais do que ultrapassadas
e que começaram a ser substituídas por novas concepções mais verossímeis a
partir do período da história do conhecimento ocidental conhecido como o
nascimento da ciência moderna (século XVI em diante). Ninguém se espanta,
porém, quando um professor de língua ensina que os substantivos são “palavras
que representam os seres em geral”, ou que sujeito é “o ser do qual se diz
alguma coisa”, ou que pronome é “a palavra que substitui o nome”. São
afirmações tão imprecisas e incoerentes (para não dizer francamente falsas)
quanto a de que as avestruzes enterram a cabeça na areia ou que apontar para as
estrelas faz nascer verruga nos dedos! E no entanto elas continuam sendo
estampadas nos manuais de gramática, nos livros didáticos, nas apostilas, e
cobradas em testes, exames e provas de vestibular!A doutrina gramatical
tradicional, mais velha que a religião cristã, passou incólume pela grande
revolução científica que abalou os fundamentos do conhecimento e do pensamento
ocidental a partir do século XVI. Basta comparar o que acontece na escola. É
muito comum o ensino das outras disciplinas fazer uma abordagem crítica dos
saberes do passado, mostrando de que maneira a evolução do conhecimento e da
ciência levou o ser humano a abandonar velhas crenças e superstições. Em livros
didáticos de Biologia, Física, Química, História, Geografia, etc., é freqüente
encontrar afirmações do tipo: “Durante muito tempo se acreditou que [...], mas
os avanços da pesquisa e do conhecimento revelaram que [...]“. Quem não se
lembra de algum professor contando a história de Copérnico, Galileu, Newton,
Darwin ou Pasteur? Isso só não acontece nas aulas de língua! Os termos e
conceitos da Gramática Tradicional – estabelecidos há mais de 2.000 anos! –
continuam a ser repassados praticamente intactos de uma geração de alunos para
outra, como se desde aquela época remota não tivesse acontecido nada na ciência
da linguagem. O ensino tradicional opera assim uma imobilização do tempo, um
apagamento das condições sociais e históricas que permitiram o surgimento e a
permanência da Gramática Tradicional.A Gramática Tradicional permanece viva e
forte porque, ao longo da história, ela deixou de ser apenas uma tentativa de
explicação filosófica para os fenômenos da linguagem humana e foi transformada
em mais um dos muitos elementos de dominação de uma parcela da sociedade sobre
as demais. Assim como, no curso do tempo, tem se falado da Família, da Pátria,
da Lei, da Fé etc. como entidades sacrossantas, como valores perenes e
imutáveis, também a Língua foi elevada a essa categoria abstrata, devendo,
portanto, ser “preservada” em sua “pureza”, “defendida” dos ataques dos
“barbarismos”, “conservada” como um “patrimônio” que não pode sofrer “ruína” e
“corrupção”. Assim, língua não é toda e qualquer manifestação oral e/ou escrita
de qualquer ser humano, de qualquer falante nativo do idioma: “a Língua”, com
artigo definido e inicial maiúscula, é somente aquele ideal de pureza e
virtude. A língua deixou de ser fato para se transformar em valor.Querer cobrar,
hoje em dia, a observância dos mesmos padrões lingüísticos do passado é querer
preservar, ao mesmo tempo, idéias, mentalidades e estruturas sociais do
passado.A Gramática Tradicional, funcionando como uma ideologia lingüística,
foi e ainda é, como toda ideologia, o lugar das certezas, uma doutrina sólida e
compacta, com resposta única e correta para todas as dúvidas. Por isso, o que
não está na gramática é “erro” ou simplesmente “não é português”! A Lingüística
moderna, ao encarar a língua como um objeto passível de ser analisado e
interpretado segundo métodos e critérios semelhantes aos das ciências naturais,
devolveu à língua seu lugar de fato social, abalando as noções antigas que viam
a língua como um valor ideológico. Assim, a Lingüística, como toda ciência, é o
lugar das surpresas, das descobertas, do novo.Ora, o novo assusta, o novo
subverte as certezas, compromete as estruturas de poder e dominação há muito
vigentes. Não é por acaso que, mesmo entre profissionais que deveriam ter a
Lingüística como seu corpo teórico e prático de referência, a doutrina
gramatical tradicional ainda encontre muito apoio e defesa. É o que se vê, hoje
em dia, na imprensa e na mídia brasileira, com a enxurrada de programas de
televisão e de rádio, colunas de jornal e revista que tentam preservar as
noções mais conservadoras do “certo” e do “errado”, desprezando o saber
acumulado por mais de um século de ciência lingüística moderna, que tem no
Brasil centros de pesquisa de excelência reconhecida internacionalmente. Também
não é por acaso que a atividade de muitos lingüistas venha sofrendo ataques
grosseiros por parte de auto-intitulados “filósofos” que representam, na
verdade, a reação mais conservadora (e muitas vezes com acentos claramente
fascistas) contra qualquer tentativa de democratização do saber e da sociedade.
É a mesma ira que leva os fundamentalistas (pseudo)cristãos a querer impedir o
ensino da teoria evolucionista de Darwin em escolas americanas.Vou tentar agora
mostrar de que modo essa oposição à ciência lingüística está viva e ativa no
Brasil nos dias de hoje.Em primeiro lugar, vamos convocar o fantasma daquele
que se tornou uma espécie de arquétipo folclórico do gramático autoritário,
conservador e intolerante: Napoleão Mendes de Almeida. Tudo o que ele escreveu
forma um material suculento e abundante para diversos tipos de investigação
sobre idéias anticientíficas: seus livros gotejam preconceitos sociais,
raciais, lingüísticos entre outros; ao mesmo tempo, pululam neles as afirmações
mais estapafúrdias possíveis sobre língua, gramática e ensino. Mas vamos nos
concentrar aqui só no que ele diz a respeito da lingüística. É bastante para se
ter uma idéia do conjunto geral de seu pensamento. No famoso Dicionário de
Questões Vernáculas, no verbete “lingüística”, Napoleão Mendes de Almeida
escreveu o seguinte: leia mais...
Disponível em: Site oficial Marcos Bagno
Gramática da Lingua
Marcos Bagno – Disponível em Presença Pedagógica
Entrevista com Marcos Bagno sobre seus livros, o Acordo Ortográfico, Saramago, etc.
Disponível em: Gaia Cultural
Erro gramatical ou preconceito linguístico?
Entrevista com Marcos Bagno sobre seus livros, o Acordo Ortográfico, Saramago, etc.
Disponível em: Gaia Cultural
Erro gramatical ou preconceito linguístico?
Disponível em: Revista GELNE
Nenhum comentário:
Postar um comentário